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PR2 | Entre Vales, Fontes e Memórias da Serra do Caldeirão

Entre Vales, Fontes e Memórias da Serra do Caldeirão

A Serra do Caldeirão é anfitriã num passeio através dos seus montes pitorescos. Aprecie a arquitetura rural e conheça os valores, a cultura e os saberes de um povo que ama a terra. Escute o canto do rouxinol e o doce murmúrio das ribeiras, sinta os perfumes suaves da natureza e admire a beleza impar das flores!

Percurso pedestre de 20Km, dividido em 3 diferentes troços optativos, na zona serrana do concelho, pelos sítios de Parises e Cabeça do Velho.

Em plena Serra do Caldeirão, onde os cheiros da terra e o aroma das flores são o ar que se respira, em terras de cortiça, é fácil o contacto com os camponeses e os lavradores. A paisagem é salpicada de velhos poços, fontes, ribeiras e casario de cal ou de pedra, a marcar a força das tradições. Este percurso oferece três itinerários menores.

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Folheto informativo do Percurso Pedestre - PT

Leaflet of Pedestrian Route - EN

  • A vida na Serra, ontem... e hoje!
    Casa típica (Fronteira)

    A vida na serra ontem…

    Localizada no limite entre o Algarve e o Alentejo, a Serra do Caldeirão é uma ancestral zona de passagem – a via romana que ligava Ossonoba e Balsa a Myrtilis provavelmente passava pelos locais onde atualmente se localizam Fronteira e Cabeça do Velho. O relevo muito acidentado desta serra explica que o seu povoamento tenha sido posterior ao do território mais a sul.
    A caça, a pastorícia, a produção de mel e carvão e a extração de cortiça, associadas a uma agricultura de subsistência, são as suas atividades tradicionais. A vida dura dos habitantes sempre decorreu em função dos ciclos da terra, ao ritmo da órbita do planeta em volta do sol. Por altura da sementeira, no Outono, ou da ceifa, nos fins de Maio, o dia começava antes do sol raiar e terminava já depois deste se ter posto.

    …e hoje

    Pilha de CortiçaAs barreiras naturais que isolavam a serra estão atenuadas. Os sinais dos tempos modernos revelam-se aqui e ali. A cortiça, produto genuinamente ibérico de que Portugal é o maior produtor mundial, constitui a principal fonte de rendimento local. Considerada a melhor do mundo, a cortiça da Serra do Caldeirão está presente nas garrafas de vinho do porto e dos melhores champanhes franceses.
    Os comeres típicos – galo caseiro guisado com batatas, papas de milho com linguiça ou água-mel, tomates fritos com ovos, fatias de ovo com mel, etc., os produtos regionais- mel, enchidos, presunto, vinho, aguardente-, os ares saudáveis e a beleza da Natureza selvagem atraem cada vez mais visitantes à bucólica paisagem serrana.

  • Geologia
    Bloco de xisto

    A área do percurso, inserida no Maciço Hespérico (os terrenos mais antigos de Portugal), faz parte do quinhão da Serra do Caleirão pertencente ao concelho de S. Brás de Alportel. No início do Carbónico, período geológico compreendido entre os 370 e os 280 milhões de anos, esta zona encontrava-se imersa por um mar que separava os dois continentes existentes. As argilas e areias finas, que, alternadamente, se depositaram no fundo do mar, originaram, respetivamente, os xistos e grauvaques que se observam ao longo do percurso. Aqueles continentes foram-se aproximando a uma velocidade comparável á do crescimento das unhas e acabaram por se unir no final do Carbónico.

    Bloco de Quartzo Leitoso

    O mar que os separava desapareceu e os sedimentos acumulados originaram uma imponente cadeia montanhosa – a Cadeia Hercínia – que se estendia da América do Norte à Ásia. As serras algarvias e o baixo Alentejo são o que resta da Cadeia Hercínia, após mais de 200 milhões de anos de exposição aos fenómenos erosivos. Nas rochas da serra encontram-se alguns fósseis dos quais se destacam os de goniatites, pequenos cefalópodes marinhos entretanto extintos.

    Os xistos têm estrutura foliada e magníficos tons cor-de-tijolo, cinzento-azulado, amarelo e creme. Os grauvaques são rochas mais duras em que se distinguem minerias de moscovite. Apresentam cores muito variadas – castanho, cor-de-vinho, azul-acinzentado, cinzento – e veios de quartzo leitoso.Os xistos e grauvaques muito expostos aos agentes erosivos apresentam tons acastanhados.

  • Flora e Fauna
    Perdiz

    Originalmente a Serra do Caldeirão revestia-se de sobreiros e azinheiras e era habitada por águias, grifos, bufos, grous, perdizes, coelhos, corços e lobos. A devastação da vegetação espontânea, devido à prática agrícola, diminuiu os habitats conduzindo algumas espécies à extinção.

    Nos anos 30 do séc.XX, a Campanha do Trigo intensificou a destruição do coberto arbóreo da serra. Já nos anos 60/70 iniciou-se a plantação de pinhais e eucaliptais destinados á produção de madeira e pasta de papel.

    Atualmente o cultivo de cereais é muito reduzido, os solos que antes eram cultivados foram invadidos por estevais. A abundância da esteva revela o empobrecimento do solo devido ao intenso cultivo e á erosão. Este arbusto tem importância ecológica uma vez que, sendo uma espécie pioneira, abre, gradualmente, caminho ao aumento da biodiversidade. Nos locais mais áridos o esteval inclui plantas como o sargaço, o rosmaninho, a erva-ursa e os tojos. Onde a humanidade é maior esta formação diversifica-se englobando o medronheiro, o estevão, o rosmaninho-verde e várias espécies de urzes. Os estevais são habitat do musaranho-de-dentes-branco-anão (o menos mamífero do mundo – 3,5 a 5,0 cm), do coelho, da toutinegra-de-cabeça-preta, entre outros. O sobreiro encontra-se em manchas densas ou disperso pelos estevais.

    EstevaOs núcleos de sobreiros mais tranquilos abrigam uma diversificada fauna que inclui mamíferos como o saca-rabo, a gineta, a raposa e o javali. O lince-ibérico, que outrora abundava nesta serra, é quase inexistente. O gaio, o papafigos, o rouxinol, o chapim, o peto-verde, o raro pica-pau-malhado-pequeno, a trepadeira-azul, as águias, o mocho-galego e o bico-grossudo são algumas das aves que vivem nos sobreirais. As linhas de água da serra, de regime torrencial, são muito encaixadas. A vegetação ripícola inclui o loendro, o folhado, a roseira-de-cão, o freixo, o salgueiro e a silva. O sapo-comum, a rã e o guarda-rios são algumas das espécies faunísticas dependentes destes ricos ambientes ecológicos.

  • Mapa de Percurso
  • Ficha técnica do percurso

    Partida e chegada: Parises
    Âmbito: Recursos naturais, paisagístico, etnográfico e desportivos
    Tipo de percurso: Pequena rota, circular, por caminhos rurais
    Distância a percorrer: 20 km (pode dividir-se em 3 percursos menores)
    Duração do percurso: 9 horas
    Nível de dificuldade: Médio/Elevado
    Desníveis: Numerosos, alguns acentuados
    Altitudes: Ponto mais alto 508m (Eira da Corte) – Ponto mais baixo 290m (Moinho de Fronteira)
    Época mais apropriada para se realizar: Todas exceto em períodos de temperaturas elevadas.

     

    Cuidados especiais e normas de conduta

    • Seguir somente pelos trilhos sinalizados;
    • Cuidado com o gado. Embora manso não gosta da aproximação de estranhos às suas crias;
    • Evitar barulhos e atitudes que perturbem a paz do local;
    • Observar a fauna à distância preferencialmente cm binóculos;
    • Não abandonar o lixo, levando-o até local onde haja serviço de recolha;
    • Respeitar a propriedade privada;
    • Não fazer lume;
    • Não colher amostras de plantas ou rochas;
    • Ser afável com os habitantes locais, esclarecendo quanto à atividade e curso e às máscaras do PR;
    • Fazer o percurso acompanhado;
    • A rede de comunicação móvel não abrange a maior parte do percurso;
    • O percurso encontra-se inserido em zona de caça; Evite caminhar às quintas-feiras e Domingos, de Outubro a Fevereiro;


    O PR2 “Entre Vales, Fontes e Memórias da Serra do Caldeirão” é um percurso pedestre marcado nos dois sentidos segundo as normas da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal.

    As marcas com tinta amarela e vermelha são as seguinte:

    Indicações no percurso