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PR1 | Caminhos e Encruzilhadas de ir à Fonte

Caminho e Encruzilhadas de ir à Fonte

Este é um convite a um passeio por caminhos seculares que nos conduzem do Barrocal ao sopé da Serra do Caldeirão. Nesta zona de ruralidade ancestral observam-se, no seio de paisagens profundamente humanizadas, retalhos que conservam a rica biodiversidade original.

Percurso pedestre de 9Km por antigos caminhos do barrocal, no sítio de Mesquita e Bengado.
Um passeio no barrocal que beija a serra e esconde um passado rico em arqueologia. Que entre rosas albardeiras e melros nos leva às encruzilhadas de ir à fonte, aos lugares de frescura, de saberes antigos de trabalhar o barro e o esparto.

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Folheto informativo do Percurso Pedestre - PT

Leaflet of Pedestrian Route - EN

  • Caminhos e encruzilhadas de antigamente
    Caminho na Mesquita

    Uma bem estruturada rede de caminhos seculares, dotada de encantadoras encruzilhadas, levava à fonte, à casa do vizinho, à horta, ao moinho ou à vila.
    No Caminho da Bárbara Dias, um dos mais singulares pelas características e contexto, pode observar-se um troço de caminho romano.
    Os muros de pedra solta ladeiam os caminhos e encruzilhadas, alguns deles já vencidos pelo tempo, foram construídos com as pedras que abundavam no solo. Nos locais mais inclinados dos caminhos  existem fileiras de pedras cuja finalidade era impedir que as bestas escorregassem.

     

    Marcas da ruralidade

    Na terra fértil das hortas brotam tomates, pimentos, melões, melancias, maçarocas de milho e batatas-doces, se é Verão, ou repolhos, couves e batatas redondas, se é Inverno. Grande parte das culturas de regadio do Bengado é mantida com água proveniente das inúmeras minas de água. As noras, antigos engenhos de captação de água legados pelo povo árabe, tiveram também grande importância no abastecimento de água ás culturas em toda a área do percurso.

    Após a ceifa fazia-se, na eira anexa à habitação, a debulha do trigo, da cevada e da aveia. Por fim, os grãos eram levados ao moinho de vento ou de água onde eram transformados em farinha.

     

    PoçoFontes e poços

    As fontes e poços públicos forneciam a água para beber e cozinhar. O precioso líquido era posto em cântaros ou enfusas, recipientes de lata e barro, respetivamente, que eram transportados por burros, mulas ou machos sobre as cangalhas.

     

    O Casario

    Na área do percurso coexistem casas de diferentes tipos. As mais singelas são imaculadamente alvas, forma engenhosa de refletir os quentes raios de sol, têm telhados de duas águas, de onde se recolhiam as águas da chuva para a cisterna, e, por vezes, cantarias em calcário.
    As casas com platibanda, mais recentes, revelam maior preocupação estética. Com motivos florais ou geométricos, a platibanda reúne as funções de proteção e de embelezamento.

  • Artesanato
    Ladrilhos

    No telheiro Bengado utilizam-se as argilas de Silves para produzir artesanalmente telha mourisca, ladrilhos de tijoleira, azulejos e tijolo burro, materiais caraterísticos da arquitetura mediterrânica. Ainda existem alguns velhos fornos de cal, já inativos, onde se produzia cal a partir do abundante calcário. As canas e a verga eram aproveitadas para fazer canastrões, canastras, cestos e covos. Na Canada um artesão ainda utiliza as folhas da palmeira-anã e o esparto para fazer capachos de empreita, vassouras, quintais, cestos, etc.

  • Geologia
    Geoponto da Mesquita

    Ao longo do percurso encontra-se três unidades geomorfológicas distintas – de sul para norte: Barrocal, Gola Vulcano-Sedimentar e Serra. Estas percorrem transversalmente o concelho de S. Brás de Alportel. Nesta área a E.N. 270 separa, de grosso modo, o Barrocal da Gola Vulcano-Sedimentar. A sul desta via é o domínio do Barrocal. Esta unidade está assente sobre um substrato de calcários do período Jurássico (entre 200 e 135 milhões de anos) de entre os quais se destaca a Brencha Avermelhada de Mesquita, rocha ornamental de grande beleza (visitar Geoponto Mesquita). De natureza rochosa, o Barrocal exibe, em vários locais, admiráveis colossos de pedra. Na última parte do Caminho da Bugia, quando se desce, o solo torna-se cor-de-vinho, é o início da Gola Vulcano-Sedimentar. Ao longo desta afloram os arenitos de Silves do Triásico (entre 240 e 200 milhões de anos). A norte da Gola surge a Serra. Esta unidade tem substrato rochoso constituído por xisto e grauvaques do Carbónico (entre 370 e 280 milhões de anos).

  • Fauna e Flora
    Fauna e Flora

    Flora

    Os solos calcários são o domínio do típico pomar de sequeiro, o qual integra alfarrobeiras, oliveiras, figueiras e amendoeiras. Nos locais mais pedregosos encontram-se espécies caraterísticas da vegetação natural do barrocal como a palmeira-anã, a única palmeira autóctone de Portugal, o carrasco, a roselha-grande, o aromático tomilho, etc. Em grandes declives ou na beira dos caminhos estas espécies acompanham a árvore que originalmente predominava no Barrocal, a azinheira.

    O vasto elenco florístico desta zona engloba, ainda, plantas herbáceas como a rosa-albardeira, a erva-cavalinha, a albarrã-do-perú, orquídeas, entre outras. As margens da ribeira são o habitat de loendreiros, canaviais, juncos, freixos e silvas. O sobreiro, espécie calcífuga, povoa os solos de xisto e grauvaque.

     

     

    Fauna

    Nas áreas onde a tranquilidade é maior e a vegetação é mais densa poderão avistar-se coelhos, ginetas, gatos-bravos, saca-rabos e raposas. Nas margens da Serra do Caldeirão, um dos seus últimos refúgios em Portugal, ainda existe uma ínfima possibilidade de encontrar o lince-ibérico, o carnívoro mais ameaçado da Europa. Também aí pode deslocar-se o javali, espécie que abunda na Serra. Quando a temperatura sobe a simpática sardanisca-argelina, um dos répteis mais comuns, é presença frequente nos muros do caminho. As aves mais abundantes são melros, rouxinóis, gaios, toutinegras-de-cabeça-preta e papa-figos.

  • Mapa de Percurso
  • Ficha técnica do percurso

    Médio
    Desníveis: Em geral pouco acentuados, dois maiores (um descendente e outro ascendente)
    Altitudes: Ponto mais alto 286m (Monte Negro) – Ponto mais baixo 195m (Ribeira do Bengado)
    Época mais apropriada para se realizar: Todas exceto em períodos de temperaturas elevadas

     

    Cuidados especiais e normas de conduta

    • Seguir somente pelos trilhos sinalizados;
    • Cuidado com o gado. Embora manso não gosta da aproximação de estranhos às suas crias;
    • Evitar barulhos e atitudes que perturbem a paz do local;
    • Observar a fauna à distância preferencialmente cm binóculos;
    • Não abandonar o lixo, levando-o até local onde haja serviço de recolha;
    • Respeitar a propriedade privada;
    • Não fazer lume;
    • Não colher amostras de plantas ou rochas;
    • Ser afável com os habitantes locais, esclarecendo quanto à atividade e curso e às máscaras do PR.

     

    O PR1 “Caminhos e encruzilhada de ir à fonte” é um percurso pedestre marcado nos dois sentidos segundo as normas da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal.

    As marcas com tinta amarela e vermelha são as seguinte:

    Indicações no percurso