Uma bem estruturada rede de caminhos seculares, dotada de encantadoras encruzilhadas, levava à fonte, à casa do vizinho, à horta, ao moinho ou à vila.
No Caminho da Bárbara Dias, um dos mais singulares pelas características e contexto, pode observar-se um troço de caminho romano.
Os muros de pedra solta ladeiam os caminhos e encruzilhadas, alguns deles já vencidos pelo tempo, foram construídos com as pedras que abundavam no solo. Nos locais mais inclinados dos caminhos existem fileiras de pedras cuja finalidade era impedir que as bestas escorregassem.
Marcas da ruralidade
Na terra fértil das hortas brotam tomates, pimentos, melões, melancias, maçarocas de milho e batatas-doces, se é Verão, ou repolhos, couves e batatas redondas, se é Inverno. Grande parte das culturas de regadio do Bengado é mantida com água proveniente das inúmeras minas de água. As noras, antigos engenhos de captação de água legados pelo povo árabe, tiveram também grande importância no abastecimento de água ás culturas em toda a área do percurso.
Após a ceifa fazia-se, na eira anexa à habitação, a debulha do trigo, da cevada e da aveia. Por fim, os grãos eram levados ao moinho de vento ou de água onde eram transformados em farinha.
Fontes e poços
As fontes e poços públicos forneciam a água para beber e cozinhar. O precioso líquido era posto em cântaros ou enfusas, recipientes de lata e barro, respetivamente, que eram transportados por burros, mulas ou machos sobre as cangalhas.
O Casario
Na área do percurso coexistem casas de diferentes tipos. As mais singelas são imaculadamente alvas, forma engenhosa de refletir os quentes raios de sol, têm telhados de duas águas, de onde se recolhiam as águas da chuva para a cisterna, e, por vezes, cantarias em calcário.
As casas com platibanda, mais recentes, revelam maior preocupação estética. Com motivos florais ou geométricos, a platibanda reúne as funções de proteção e de embelezamento.